O estranhamento
Sempre achei meio piegas o fato
de fazer diário. E o estranho é que, mesmo assim, tinha alguma coisa dentro de
mim, mais forte do que o meu suposto sentimento, que me movia ao encontro do
papel e da caneta. Sempre. E mais estranho ainda é que, só depois de muito
tempo, parei para pensar no real sentido daquele sentimento e porque aquela
verdade era tão absoluta dentro de mim se aquilo me fazia tão bem.
O despertar
Teve uma época que até parei de
escrever porque, afinal, já não tinha mais idade para aquilo. E aquela história
– ou, a minha história - adormeceu dentro de mim. Mas os meus dedos, como que
se formigassem inquietos, queriam e pediam um papel e uma caneta, e aí foi que,
no meio do ano passado, eu voltei a escrever. Escrever sobre tudo, sentimentos,
emoções, percepções. Escrever sobre o nada, sobre o mais cotidiano dos acontecimentos.
Escrever começou a ser pra mim, naquele momento, um encontro comigo mesma, me
encontrar no meio de tanta confusão, aparar as minhas arestas e limpar aquela
miscelânea de sentimentos embaralhados dentro de mim. Organizar algo de muito
bagunçado que lá no fundinho estava escondido, como as migalhas do pão que a
gente junta num cantinho e deixa ali, pra esconder da gente mesmo, sabe?
Verdades absolutas relativas:
isso é possível?
Parando pra pensar nesse fato
aparentemente bobo, no porquê fiquei tanto tempo me privando de escrever por
achar que não tinha mais idade para aquilo, vi como a gente tem verdades
absolutas tão relativas que carregamos dentro da gente. E o quão distorcidas
elas podem ser. Em certo momento da vida, as nossas verdades, o nosso arcabouço
de informações, vivências e experiências, observações, se unem e chega um dado momento
que formam um núcleo paradigmático que fica ali, adormecido.
Até que um evento ou acontecimento
vem com tanta intensidade que parece cortar a nossa realidade preconcebida de
vida e acaba abalando todo o núcleo que já estava logo ali, mas adormecido. E
deixa a gente assim, sem reação. Depois, deixa a gente se questionando sobre a
verdade que até então era absoluta e que nunca pareceu ser tão relativa, tão
descartável. Frustração que faz parte da desconstrução do passado. Afinal, sem
desconstruir, sem deixar o vazio entrar, como criar espaço para o novo preencher
o vazio que ficou?
Joan Littlewood, diretora de
teatro, tinha uma frase que é a seguinte: “Se a gente nunca se perde, jamais
encontra um caminho novo”.
O porquê da criação do blog
Devaneios à parte, é mais ou
menos essa vontade de escrever, de querer compartilhar ideias, de um quase um
falar que motivou a criação deste blog! Pra
falar que até hoje, apesar de não ter sensação que se compara àquela de escrever
no papel e sentir a caneta entre os dedos – e olha que essa barreira foi meio
que difícil quebrar! -, não tem sensação que se compara àquela de dividir as
ideias, mesmo que de forma difusa, e saber que de alguma forma, elas irão pra
frente, não ficarão presas e reduzidas a um papel e escondidas em um caderno. Elas
serão passíveis de troca, de discussões, de divagações, de idealizações, enfim,
de movimento. Pra falar também do despertar de uma consciência já construída,
que há muito adormecida, ansiava o pragmatismo, mas se perdia nos detalhes, nos
achismos, nos padrões. Pra falar que a vontade que nos move é que deve ser o
padrão a ser estabelecido e não aquele que alguém disse que assim o é acerca do
mesmo assunto. Cada um tem o seu porquê, o seu motivo, o seu universo peculiar,
tem a sua história. Aqui abro um pouco da minha. Espero que de alguma forma, as
nossas histórias possam se cruzar nos meandros dos infinitos IP’s para que a
gente se encontre em algum momento por aqui! Caro leitor, seja bem vindo a esse
espaço!
Quem me inspirou
E, como se sabe, nada se cria,
tudo se transforma, a ideia desse blog não veio simplesmente da vontade de
escrever, mas também dela. Assim, é importante citar que a minha grande
inspiradora foi a Rubi e seu inteligentíssimo blog, mola essa propulsora pra me
incentivar a voltar a escrever e montar o meu próprio. Obrigada por tudo, Rubi!
Esse é em sua homenagem e sempre será =)
Se me lembro bem...desde pequena vc sempre escreveu muito bem né!Parabéns!!!Amei
ResponderExcluiroi amoreeee, saudades mil de vc!!
ExcluirObrigada pelo carinho e pela visita!!!
Bj!
Marília! Que bacana! Compartilhamos do mesmo "estranhamento" então, eu não poderia deixar de segui-la por aqui! Continue! Acho que o maior desafio de se ter um blog é levá-lo adiante! E, se quiser, passe lá no meu cantinho: casaconto@blogspot.com!
ResponderExcluirps. Muito bela a sua homenagem!E um belo jeito de se começar... Abraço fraterno!
Oi Mi!
ExcluirQ legal, obrigada pela visita, pelo carinho e pelos conselhos! Eles me serão bastantes úteis, pode ter certeza!!!Simmm, vc tem blog, q bacana! Vou dar uma olhada já!! Bjão!