Com a devida licença de
Sofia Coppola, também acredito na vida como um jogo dos encontros e desencontros.
Pessoas interessantes, encontro. E,
outras, nem tanto assim, desencontro. Forma. Atração. Pensamento. Educação.
Formação. Respeito. Falta de respeito. Repulsa. Negação. Mulheres ou homens.
Eles chegam, passam e alguns até entram nas nossas vidas; uns só de passagem, de
repente desaparecem. Primeiro da nossa agenda de contatos. E, um pouco depois,
das nossas vidas. Outros, vão ficando.
Das que a gente tinha certeza
que iam ficar e não ficaram
Tem aquela pessoa que chega,
como que dizendo, quase que anunciando e mostrando que vem para ficar, para
ocupar nosso espaço, nosso vazio, nosso desespero. E a gente passa a ter mesmo
a certeza que ela vai ficar. Cada dia mais. E para todo o sempre. Compartilhando
o nosso dia-a-dia, nossas tristezas e decepções. Nossas vitórias e
comemorações. Mas, de repente, algo acontece lá dentro da gente e quando a
gente viu, já foi. Toda a magia, todo o encantamento, toda admiração, todos os
beijos apaixonados, todo carinho e todo o cuidado, todo o sexo apaixonado, intenso
e calado e gritado e toda a intimidade de todos os dias e de todas as noites,
se foi. Evaporou. Sumiu. Desapareceu. Morreu. Passou pela nossa vida, e de
repente a gente nunca mais vê.
Da que chegam despretensiosamente e acabam ficando
Tem aquelas outras que
chegam, seja por um esbarrão ao acaso, ou um telefonema proposital de “como vai
você” e “quanto tempo” e “precisamos por as conversas em dia” e, assim despretensiosamente
vão ficando e cativando.
Das que a gente é posto a
conviver diariamente
Tem aquelas outras que a
gente é posto a conviver, diariamente. Às vezes, a gente não gosta muito de
início. Desconfia. Mas elas ficam um tempão na nossa vida e a gente aprende a
conviver e até a gostar delas, de todas as manias e de todo jeito e de qualquer
jeito. E quando a gente finalmente aprende, a convivência diária já não nos é
mais imposta. E ela passa pela nossa vida. E, depois de um tempo, vira uma
lembrança boa. E tem aquelas que simplesmente o santo não bate. Algumas vezes, a gente não entende
por que, e algumas outras, a gente sabe exatamente o motivo. Essas passam e
algumas vezes, deixam marcas. Dessas, bate aquele desconforto de lembrar, mesmo
que elas tenham feito parte de um passado bem distante, ou até recente. É
sempre difícil a lembrança. Diria que pesada, muitas toneladas.
Das que a gente é posto a
conviver diariamente #2
E aquelas que a gente também
é posto a conviver, diariamente, e, desde o início bate uma afinidade? Ah, isso
sim é legal. Elas só não ficam na nossa vida quando o destino não permite. Aquela
afinidade amiga, sincera, que se fosse por ela e pela gente, a amizade ia durar
a vida toda. É uma pena. Às vezes, a gente tem tanto o que aprender com aquela
pessoa, e acaba, sem querer, ensinando também. Uma troca perfeita e harmoniosa.
É, é uma pena. Mas Deus do céu, e quando a afinidade vem junto com a atração? E
a gente sabe que tinha tudo pra dar certo, pra ser legal, para ser uma
construção de ideias conjuntas? Que desespero que bate! E a gente se vê de mãos
atadas. A gente quer mesmo é dar um grito, como se fosse isso resolver alguma
coisa. Definitivamente. Mas os dias passam, e tudo continua igual. Pessoas que
a gente queria ter com a gente de uma ou de outra forma, ou de todas as formas
juntas, mas alguma coisa naquele momento não permite que aconteça. E talvez
nunca venha a acontecer. A gente não sabe, né. E aí, às vezes, essa pessoa,
escapa pelos nossos dedos, e a gente um dia, nunca, nunca mais mesmo, vê a
pessoa. E em algum lugar do mundo, a gente pensa nela, com carinho, e em como
teria sido legal. Timings diferentes. Não era para ser, de repente.
Das que a gente ainda não
sabe
E tem, por fim, aquelas que
a gente ainda não sabe o que vai acontecer. Elas estão na nossa vida por alguma
circunstância que permitiu isso. E vão ficando, dia-a-dia, delicadamente. Será
que elas vão ficar por mais algum tempo, ou será que um dia, de uma hora pra
outra, ela vão evaporar? Acho que essa é a graça de tudo: viver sem saber o que
vai acontecer, o que esperar. Que encontros e que desencontros estão por vir?
Das que estão na sua vida
E pra você, leitor, o que
será que te aguarda? Quantos outros tantos encontros e desencontros hão de
acontecer ainda na sua vida?